quarta-feira, 21 de dezembro de 2011


Insensatez e Vinho


Tomar vinho sozinho é a insensatez de coração mais sem cuidado, como disse o poeta.
O tinto te perdoa por isso, se com ele vier uma boa carne de caça, ou uma massa com molho suculento. Mas o branco, a uva espumante Proseco é mais alegre, não fica tão encabulada, é menos egoísta em sua degustação e um coração alegre, mesmo insensato pode tomar o vinho num dia quente de verão.
Mais inteligente que chorar e ficar num quarto escuro, ao abandono depois do fora de alguém desalmado, ou sair sendo ríspido com quem apenas quer um drinque com você, o vinho...é comprar uma bela patente engarrafada na velha Itália.
Não o maltrate, pois seu coração precisa dele. É o acalanto dos momentos mais sombrios e tortuosos da história insensata dos bárbaros, dos românticos, dos insones, dos solitários e apaixonados...
A insensatez leva o coração apaixonado a navegar sozinho pelas ondas do vinho na taça.
E faz chorar de dor o seu amor, um amor tão delicado, não é Tom e Vinícius?
Há quem diga que todos nascemos predestinamos a ter alguém.
Mas há quem afirme que muitos nascem para o vinho e a insensatez do amor pra acompanhá-lo, apenas.
Não se deve tomar um bom tinto, perfumado, temperado com frutas silvestres, que quebram a essência da uva e sai do carvalho pra deixá-lo vislumbrado pela obra, apenas a mercê da embriaguez, isso sim, seria pura insensatez.
Tome sua taça pela mão, coloque a rolha pra registrar seu momento insensato de abrir uma garrafa com arte, e registre com sabedoria seu momento de fossa.
Uma mulher sensata sabe que o amor pode ser breve, os romances tardios, uma tábua de frios, uma caneca de chocolate quente num sábado a noite, ou quem sabe, um longo beijo de fim de festa...
E o vinho, este é eterno, não tenha a pressa da insensatez.



Mônica Ribeiro
05/09/2009

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